Introdução

Introdução
07 set 2019

Olá!
É com grande alegria que começarei a colocar alguns artigos neste Blog depois de ser praticamente coagido por meu querido amigo e companheiro de naipe na Orquestra Sinfônica de Santo André, Marcel Balciunas.
Por se tratar de um Blog, frequentemente usarei a linguagem coloquial, de modo que eu consiga me aproximar ao máximo do leitor, sem pretensões acadêmicas.
Nestes textos, pretendo explorar alguns ritmos originalmente apresentados nas festividades do folclore brasileiro. Meu objetivo aqui é mostrar como a percussão brasileira pode ser adaptada à bateria, a fim de aumentar o repertório do Grooves e idéias musicais. Evitarei me aprofundar nas investigações sobre a origem de cada um deles, como estão inseridos na sociedade local e a razão de cada ritmo específico pois não pretendo explorar a conotação religiosa envolvida, já que a maioria destes ritmos têm essa relação.
Como o Brasil é um país de dimensões continentais e culturas diversas, tentarei explorar os principais ritmos realizados em cada região. É sempre bom lembrar que a cultura brasileira é sustentada pelo sincretismo indígena, africano e europeu, fato indispensável para compreensão de cada ritmo aqui apresentado. A mistura destas culturas é o que faz a cultura brasileira e é o nosso símbolo identitário nacional, o que nos torna brasileiros e uma das características que nos difere das demais nações. O que publicarei aqui é direcionado a bateristas, porém, acredito que seja indispensável a todo músico brasileiro conhecer nossa música. Tenho amigos bateristas queridos e que admiro como Maurício Leite, Igor Wilcox, Paulinho Vicente, Eloy Casagrande, que são grandes bateristas, referências no instrumento, e não trabalham com ênfase nos ritmos brasileiros, no entanto, são músicos que tem conhecimento destes ritmos e não ignoram a sua importância.
Outro fato muito importante a ser colocado aqui é a questão da religiosidade. Vivemos tempos sombrios onde a intolerância religiosa começou a fazer parte de nosso cotidiano, assim como na época do descobrimento, todavia estamos no séc. XXI e não em 1.500. Em vias de regra, nos julgamos um povo civilizado. Vivemos em uma era globalizada onde a informação é compartilhada (pelo menos por ora em nosso país) e é um fato a ser comemorado do ponto de vista do conhecimento. Não podemos dar as costas a determinados ritmos pelo simples fato dele não fazer parte de nossa crença, e o mais importante, quando desvinculamos a religião da música, aprendemos e crescemos, por este motivo o que publicarei terá conteúdo musical e cultural apenas e não religioso.
Compartilho abaixo um link de uma matéria que diz sobre a estupidez deste tipo de vinculação que só apequena o ser humano:

https://www.paulopes.com.br/2019/09/evangelicos-villa-lobos.html 

(O link abrirá em nova janela)

Se você quer estudar música e aprender de fato, tenho uma informação valiosa: desvincule crença religiosa de música, você só tem a ganhar! Todos os meus amigos religiosos, sejam cristãos, afro-religiosos ou judeus que entendem isso, são melhores músicos e grandes seres humanos pois além de crescerem culturalmente, crescem espiritualmente e são pessoas cultas e admiráveis.
Todos, absolutamente todos os meus amigos músicos que são evangélicos e entendem isso, são músicos com alto grau de excelência e sabem que só temos a aprender respeitando as crenças que não são as nossas.
J.S.Bach era protestante, G. Mahler judeu que se converteu ao catolicismo, Stravinsky ortodoxo, Villa-Lobos usava ou criava palavras para produzir ambiente fonético independente de crenças, Moacir Santos candomblé de umbanda e sem dúvidas a música que você ouve ou executa tem influência destes compositores.
A ignorância não pode prevalecer, afinal, se não existisse o Vodu, religião afro-americana de Louisiana nos Estados Unidos a partir do séc. XVI, não existiria o Funk do séc. XX e muito menos não existiria o Gospel-Chops tão praticado nas igrejas do séc. XXI.
Sendo assim, por que a música Norte-americana influenciada pelos negros africanos pode ser estudada e a música brasileira não? Acredite, estudando você só tem a ganhar pois conhecimento nunca é demais.
Neste caso, abra a mente e estude, conheça, questione e só assim será um grande ser humano e um grande músico!

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Comments

  1. Bruno Werner Says: setembro 7, 2019 at 5:49 pm

    Belo texto introdutório Lui com certeza ficarei atento aqui as postagens, Obrigado por compartilhar com a gente !! Beijo grande do teu amigo e Fã Bruno Werner

    Tamujunto irmão

  2. Daniel Oliveira Says: setembro 7, 2019 at 7:34 pm

    Adorei o texto Lui!
    Concordo com cada palavra.

  3. Importante iniciativa e ótimo texto inicial. Com certeza os comentários de um grande músico como você sobre o aspecto rítmico da música tradicional regional serão valiosíssimos não só aos bateristas, mas a todos os interessados na música brasileira. Aposto que tem muito gringo que adoraria ter acesso. Sucesso!

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