Boi de Pindaré

09 set 2019

Como primeira coluna, começarei com um ritmo muito difundido na região norte e nordeste do Brasil chamado “BOI”.

O Bumba meu Boi ou Boi Bumbá, é uma dança tradicional brasileira típica das regiões norte e nordeste que teve origem na Europa do século XVI, mais especificamente na Península Ibérica.

Diz-se que havia um conto ibérico de enredo muito semelhante ao da história da lenda do Bumba meu Boi difundida no Brasil. Quando chegou ao território brasileiro trazida pelos colonizadores portugueses, a história foi se modificando ao incluir alguns aspectos das culturas africana e indígena.

Embora sua maior representatividade esteja na região norte e nordeste, hoje encontramos o Boi na maior parte do Brasil e desde 2012 foi incluído na lista de Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

De uma maneira muito simplificada, ele leva esse nome devido a história que conta sobre os personagens Mãe Catirina, escravizada em uma grande fazenda e que estava grávida, desejou comer a língua do mais valioso Boi do Curral e pede a Pai Francisco. Este, apaixonado por Catirina, cumpre o seu desejo e mata o Boi. O dono da fazenda ao saber disso, decide punir severamente os dois que são obrigados a fugir. Pai Francisco em sua fuga, percebe que a única maneira de se livrar da punição, é pedindo ajuda ao Pajé para ressuscitar o Boi. O Pajé consegue o feito e todos voltam para fazenda para comemorarem juntos a ressurreição do Boi.

Os Bois do qual falaremos aqui serão os praticados no estado do Maranhão.

No Maranhão existem algumas variações do Boi, como o Boi de Zabumba (também conhecido como Sotaque Guimarães), o Boi Costa de Mão, Boi de Matraca (também conhecido como Sotaque da Ilha), o Boi de Orquestra e o ilustrado aqui , o Boi de Pindaré (também conhecido como Sotaque da Baixada).

O Boi de Pindaré é formado na baixada Maranhense , composto por municípios como Pindaré, Viana e São João Batista. Utilizam os mesmos instrumentos do Boi de Matraca, mas se difere pelo ritmo mais lento e melancólico. É executado por Pandeirões, Matracas, Tambores de Onça e Maracás, como mostra o vídeo abaixo:

Trazendo o ritmo para bateria, é bom ter em mente que as adaptações são transposições de instrumentos com similaridades de timbres. A minha maneira (e isso não é uma regra) de executar o Boi de Pindaré na Bateria é a seguinte:

 

Confira no vídeo:

 

 

Esta é a maneira como eu, um músico nascido e criado em São Paulo, ouço o Boi de Pindaré. Como não há regras sobre como adaptar os ritmos brasileiros à bateria, você pode ouvir o Boi de Pindaré e, enquanto faz isso, pode explorar sua própria criatividade e desenvolver os ritmos apresentados aqui do seu jeito.

Além de audições, vídeos do YouTube e apresentações ao vivo em espaços culturais na cidade que pude conferir o Boi de Pindaré ao vivo, também consultei para escrever este artigo o livro “Urrou, Urrou, o Bumba meu Boi na escola” de Ana Débora Pereira de Barros e João Fortunato Soares de Quadros Júnior, o site todamateria.com.br com o texto da professora Daniela Diana, o livro “Tocando o Brasil” do baterista Alfredo Maranha e o livro “Os Senhores Cantadores, Amos e Poetas do Bumba Meu Boi do Maranhão” de Papete.

Se você quiser saber sobre o Boi Bumbá do Amazonas, recomendo o livro ‘Tambores da Amazônia” trabalho de excelência do músico Ygor Saunier.

 

Até breve, Lui.